Este texto é de uns dez anos atrás e não foi atualizado para mostrar o tempo que perdemos –e tempo que não temos mais para perder- com o nosso, como bem diz o Prof. Mangabeira, “pendor para o curto-prazismo” de só pensar na próxima eleição.
Trata-se de um desafio a um “punhado de homens e mulheres passe a atuar fora dos partidos e dentro da classe média, das universidades e das organizações sindicais e populares, recrutando quadros, reunindo forças e demarcando outro rumo para o Brasil”, continuando com o chamamento de Mangabeira. Para que “esses brasileiros criem condições para que indivíduos capazes de encarnar a alternativa se façam conhecidos da nação. Que aguardem, pacientemente, a hora de ganhar os apoios partidários que a luta pelo poder exigirá, sem sacrificar coerência constante a conveniência efêmera. E que reconheçam não lhes caber determinar se a execução da tarefa com que se haverão comprometido levará dois anos ou vinte”.
Brasileiros que não queiram “começar tudo de novo”, criando perigosas ilusões, mas construir esperanças, através de um plano de longo prazo. Caso contrário, é continuar a correr atrás do vento. Péricles da Cunha
Trata-se de um desafio a um “punhado de homens e mulheres passe a atuar fora dos partidos e dentro da classe média, das universidades e das organizações sindicais e populares, recrutando quadros, reunindo forças e demarcando outro rumo para o Brasil”, continuando com o chamamento de Mangabeira. Para que “esses brasileiros criem condições para que indivíduos capazes de encarnar a alternativa se façam conhecidos da nação. Que aguardem, pacientemente, a hora de ganhar os apoios partidários que a luta pelo poder exigirá, sem sacrificar coerência constante a conveniência efêmera. E que reconheçam não lhes caber determinar se a execução da tarefa com que se haverão comprometido levará dois anos ou vinte”.
Brasileiros que não queiram “começar tudo de novo”, criando perigosas ilusões, mas construir esperanças, através de um plano de longo prazo. Caso contrário, é continuar a correr atrás do vento. Péricles da Cunha
Poder Cidadão, a utopia desarmada
Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: "Abraão!". Ele respondeu: "Eis-me aqui". (Gênesis 22,1)
"Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido", é a utopia desarmada que buscará o Poder Cidadão. Para que o poder realmente emane do povo é necessário que o povo seja um conjunto de cidadãos, cientes e conscientes de seus deveres e direitos para com a sociedade e a nação. E não uma massa manipulável, escrava dos modernos recursos da comunicação de massa.
O homem que ao longo da história foi delegando poderes por conveniência, por atos de força ou, mesmo, por inconsciência começa a reclamar a sua restituição tendo já conseguido avanços, através de uma maior participação do cidadão nos destinos da nação, fruto da revolução tecnológica que domina este fim de século e que facilita a articulação da comunidade. Esta tendência aumenta a preocupação das elites em neutralizar a participação política da maioria numérica dos cidadãos através do controle da "mente pública".
"É necessário controlar o pensamento e a opinião e destruir na comunidade e no local de trabalho as organizações que possam proporcionar oportunidade e influência a pessoas que não convém que a tenham", denuncia Noam Chomsky, professor do MIT e um dos mais originais pensadores contemporâneos. "Estas organizações", continua Chomsky, "permitem que pessoas com recursos limitados se unam para defender seus objetivos e seus projetos ou mesmo, para chegar a entendê-los. Os indivíduos devem estar sós, enfrentando o poder central e os sistemas de informação de forma isolada, para que não possam participar de nenhum modo significativo da gestão dos assuntos públicos. O ideal é que cada indivíduo seja um receptor isolado de propaganda, solitário diante do televisor, desamparado diante de duas forças externas e hostis: o Governo e o setor privado, com seu direito sagrado de decidir o caráter básico da vida social.
A segunda dessas forças (a do setor privado) deve permanecer, além disso, oculta: seus direitos e seu poder não somente devem ser indiscutíveis com invisíveis, parte da ordem natural das coisas". Eis aqui a essência da "democracia", em seu sentido orwelliano: há que distrair e dispersar o público, mantendo-o na ignorância para que não crie problemas aos governantes. Aliás, é exatamente essa a orientação que tem norteado os esforços dos intelectuais, ao longo da história da economia mundial, para neutralizar qualquer movimento de organização da "plebe rude" que possa ameaçar a máxima dos "senhores da humanidade": "Tudo para nós e nada para as outras pessoas".
Hoje, a manipulação se dá nos dois extremos do arco: os que nada têm de informação e os que têm acesso a um grande volume de informação. Nos dois casos a manipulação é possível, quer seja pela desinformação, quer seja pelo excesso de informação. Tanto as trevas da desinformação como o ofuscamento causado pelo brilho do excesso de informação impedem a leitura da realidade e se acaba aceitando a realidade que nos querem passar.
Imagine que no Brasil seja desenvolvido um grau de potencial cívico capaz de transformar os brasileiros em cidadãos que resolvam, esgotados todos os recursos para a correção de determinado produto, não consumir mais este produto. A fábrica e toda a cadeia agregada sofrerão um impacto que poderá levar à falência.
E esse produto, como o tratam os marqueteiros, tanto pode ser uma margarina como um presidente da república. Consolidada esta nova "regra do jogo", mudarão as relações com o consumo, passando o consumidor a comandar o processo. Isto, no entanto, só se tornará viável se houver união e um elevado potencial cívico capaz de gerar a disciplina necessária a se sacrificar as liberdades individuais em benefício das liberdades coletivas. Haveria tráfico de drogas e toda a guerra e os prejuízos que causa, se no Brasil o consumo fosse zero?
O primeiro passo na direção desta utopia será o reconhecimento de que os causadores deste estado de servidão não são a propaganda e o marketing político, mas o reconhecimento de que o brasileiro não sabe o que é ser cidadão e, por isso, é presa fácil das modernas técnicas de propaganda que o transformam em um consumidor do que lhe querem vender e não do que necessita para suprir suas demandas. Isso em todos os campos, inclusive, o político onde chegamos ao absurdo de Duda Mendonça se vangloriar de que elege qualquer um, não interessando suas idéias ou o seu passado e suas potencialidades, tudo sendo função do volume de recursos de campanha.
O Poder Cidadão não é um projeto de poder de um grupo de cidadãos, é um projeto de poder de toda a sociedade, para que se torne realidade a máxima constitucional "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".
O Poder Cidadão vai promover a revolução brasileira, a grande revolução brasileira que os Tenentes não conseguiram: transformar o brasileiro em cidadão para escreverem o grande projeto de nação.
"Se são militares que formam na vanguarda do movimento de regeneração política do Brasil, é que suas armas lhes davam a possibilidade de agir; e não estava ainda em condições de substituí-los a ação das massas populares, desorganizadas e politicamente inativas. Os ‘tenentes’ assumirão por isso a liderança da revolução brasileira." (Prefácio de Caio Prado Júnior, in MOREIRA LIMA, Lourenço. A Coluna Prestes – Marchas e combates).
"O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo de lutas que começava a sacudir as já caducas instituições políticas da Primeira República".( in Anita Leocádia Prestes. A Coluna Prestes: Uma epopéia brasileira)
Há oitenta anos atrás, os Tenentes saíram pelo interior do país tentado transformar o descontentamento generalizado em ação política contra os grupos dominantes.
Hoje, o Poder Cidadão pretende ajudar a transformar a indignação com o mar de lama e de iniquidade que transformaram o Brasil em ação, facilitando a formação, em cada cidade brasileira, de um núcleo do Poder Cidadão, uma imensa "teia de aranha", uma network, uma rede de conexões, uma teia de participantes autônomos, unidos por valores e interesses compartilhados: idéias, recursos, preocupações e informações. Uma rede multi-liderada de participantes soberanos ligados pela utopia de construir um Brasil melhor, mais justo, mais brasileiro. Uma organização descentralizada cujas partes, ao contrário de uma estrutura centralizada, burocrática, são essencialmente independentes e generalizadas e, onde a tomada de decisões é distribuída. Uma estrutura do tipo dos "aparelhos" empregados nos "anos de chumbo" e que tanto infernizaram os militares.
Se, por um lado, o Poder Cidadão não possui armas, como a Coluna Invicta, por outro, pode usar as vantagens das duas táticas empregadas naquela época, da "guerra de posições" dos governistas e da "guerra de movimentos" de Prestes. Em cada rincão deste imenso país existe um contingente de brasileiros, dotados de um potencial cívico capaz de servir de núcleo para a implantação do Poder Cidadão. Basta um esforço de articulação para surgir uma trincheira em cada canto.
Esta, a utopia desarmada que o Poder Cidadão pretende inocular na sociedade brasileira: a de construir um Brasil melhor com a efetiva participação de todos nós.
Leia o projeto Poder Cidadão e se engaje neste esforço para construirmos um Brasil melhor.
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